Minimalismo – Meu choque com o documentário Minimalism
Nosso sucesso na sociedade medido com o que temos e não com o que somos
Minimalismo e o meu choque após ver, ler e refletir sobre o documentário Minimalism!
Antes de criar qualquer polêmica, quero deixar claro que não foi o documentário que me chocou, ele é maravilhoso!
Mas, as críticas que li a respeito quando terminei de ver o filme, me fizeram lembrar de uma criação que carrego há decadas:
A interpretação de textos é uma dádiva divina!
Vou falar primeiro sobre o conceito e o filme que pode agregar bastante!
Depois minha singela opinião e os comentários que li.
Minimalism – O que é o Minimalismo?
Da própria definição do dicionário: “princípio de reduzir ao mínimo o emprego de elementos ou recursos”.
Em geral o minimalismo é uma corrente contrária ao lado materialista da sociedade atual.
Temos 3 carros na garagem mesmo que só consigamos utilizar um por vez.
80 camisas de cores e modelos diferentes no guarda-roupa pra nos manter plugados na moda.
Uma coleção de 1200 DVDs pra satisfazer o ego.
E a necessidade de sempre nos mudarmos para uma casa maior, para comportar toda esta “felicidade” que compramos ao longo do tempo!
É algo como se hoje em dia fossemos definimos pelo o que temos e não pelo o que somos.
O minimalismo tem muito a ver com desapego também.
Comentários do Bartholomeu sobre o documentário Minimalismo
É conduzido por Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus, uma dupla que já escreveu livros, mantem um blog/podcast e também organiza um tour mundial com palestras sobre o assunto (saiba mais aqui).
O documentário é uma série de entrevistas sobre pessoas que se adequaram ao mesmo modo de vida.
Em geral, os protagonistas tinham em mente (no começo de carreira) que sucesso seria alcançar um salário de 50 mil dólares ao final do ano e conseguir comprar todas as coisas que o salário permitisse.
E quando o alcançavam tal meta, viam que aquilo não era suficiente e lutavam sempre por acumular mais e mais.
A vida de ambos havia se tornado uma busca por cargos mais e mais importantes, ter maiores salários e comprar mais felicidade.
Um deles inclusive percebe tarde demais que não estava dando nem atenção à seus entes queridos.
Em determinado momento eles se vêem infelizes, porque percebem que a vida virou apenas aquela espera pelo salário no fim do mês e que estavam gastando, pra piorar, acima do ganhavam.
Chegavam em casa e viam uma pilha de coisas acumuladas e geralmente desnecessárias.
Ligavam a TV e as propagandas diziam: comprem! comprem! Você precisa disto!
O conceito do filme é bem simples, pra não dizer minimalista.
Ele prega que você pode (e consegue) ser feliz com menos.
Com menos o quê?
Com menos o que você determinar que não faz diferença na sua vida!
Eles dão exemplos de pessoas que se mudaram para um trailer minúsculo, outro que montou uma casa conceito em pouquíssima metragem, porém capaz de convidar seus amigos e fazer eventos na sua casa.
Outro que vendeu sua casa, botou uma mochila nas costas e vive de aluguel em um país que decida conhecer.
(ou seja, ele tem mil casas ao redor do mundo!)
Uma criança que percebeu que não precisa de uma coleção de 512 bonecos de ação.
Mas, o filme é bem claro. Não se livre do que te traz felicidade.
Se você tem uma coleção de centenas de livros, que adora folheá-los, sentir o cheiro do papel e admirá-los.. Guarde-os!
Em nenhum momento o filme faz apologia à abdicar do dinheiro, viver uma vida de pobreza e ser feliz assim.
É apenas otimização. Se livrar do que não te faz falta.
Adquirir apenas o que vai te trazer felicidade e que será útil para sua vida.
E foi neste ponto que eu fiquei chocado, porque vi como as pessoas perderam a capacidade de interpretar textos e saber absorver apenas o sumo da fruta!
Qual foi meu choque sobre análises que li sobre o Minimalismo?
No youtube encontrei o vídeo de uma garota, falando que não gostou do documentário porque dá uma visão muito superficial da situação.
Que é muito fácil se tornar minimalista depois que já alcançou determinado status e situação financeira.
Faltou a ela, entender que o foco do filme é exatamente este. São pessoas que já estavam contaminadas pelas propagandas, a ciência do materialismo, a moda que muda a cada semana fazendo você comprar mais e mais pra se integrar à sociedade.
Se você ainda está em começo de carreira, não tem posses, nem do que desapegar… Ótimo!
Aprenda o conceito desde já e com certeza alcançará o sucesso em menos tempo, não precisará adquirir para se desfazer!
Aprenderá pelo amor e não pela dor. 🙂
Um outro rapaz fez uma crítica ao protagonista, falando que é muito estranho o cara falar de minimalismo e estar andando de Corolla pra cima e pra baixo no filme. Oi!?!?
O protagonista vive nos Estados Unidos, a meca do automobilismo e dos carros de luxo (e em teoria, fáceis de serem adquiridos).
A maioria das famílias de lá tem (ou tenta adquirir) suas enormes SUV (carro esporte e utilitário).
O protagonista depende do carro porque estava fazendo palestras ao longo dos Estados Unidos.
Estava utilizando um Corolla com mais de 7 anos de uso (e nos Estados Unidos é um dos carros mais simples existentes, só no Brasil que o povo acha que é luxo andar de Corolla, por causa da nossa carga tributária).
O minimalismo pra ele significa que ele não precisa de uma SUV de 12 lugares que consome 3 km/l.
O Corolla já era suficiente, já era o mínimo para se locomover com economia.
O protagonista não prega voto de pobreza em NENHUM momento.
Inclusive ele ainda depende de dinheiro e não é a toa que vende livros, palestras, etc.
Em um outro blog li que o documentário era ruim, porque era machista e racista.
Que só citava exemplos de homens brancos bem sucedidos e também não aparecia nenhuma mulher.
Parem o mundo! Deixem eu descer…
Em que momento a humanidade perdeu a capacidade de interpretação?
Um dos entrevistados no filme é pai de 6 crianças.
Justamente para quebrar o mito de que só seria possível ser minimalista alguém solteiro e sem família.
A esposa não aparece no filme apenas por não ser relevante ao tema.
Juntar um ataque feminista ao filme por este motivo é descabido. É a nossa geração mimimi.
Seria como um homem fazer uma crítica ao ótimo filme Wild por causa da protagonista ser uma mulher (filme fantástico com a Reese Whiterspoon).
É mais fácil destruir do que construir.
Em outro ponto, o próprio autor cita que ele é minimalista, mas a namorada atual dele não.
Ou seja, nem o conceito tenta ser enfiado goela abaixo como a solução dos problemas.
Cada um se adequará ao minimalismo da maneira que julgue ser saudável.
Não é pra você sair vendendo todas suas coisas e ir morar debaixo da ponte.
É mais sobre os excessos, otimização e melhorar a maneira de vida.
Onde eu aplico o minimalismo na minha vida?
Já aviso, não sou minimalista. Estou longe de alcançar este objetivo, mas venho melhorando.
Tenho, porém, alguns conceitos na minha cabeça que já faz parte da minha essência desde os 20 anos.
Vivo num apartamento de 49 metros quadrados e não me mudaria para um maior.
Tenho um automóvel com 10 anos de uso.
E pretendo me livrar dele e ser apenas usuário de Uber/metrô, faria total sentido pro meu estilo de vida.
Não ando na moda (nem sei qual é a moda na verdade.. risos).
Minha última reformulação do guarda roupa foi na Riachuelo e C&A.
Na minha casa tenho bicicleta que comprei usada, cafeteira, notebook! Muita coisa de segunda mão.
No Japão ganhei até o apelido de “rei do usado” por causa das lojas de itens usados que adorei!
(confesso que até comprei mais do precisava)
Minha TV da sala está com defeito.
Uma faixa preta vertical há 2 anos e ainda não me incomodou o suficiente pra ser trocada… risos
Sou adepto de fazer poupança e que se você não conseguir guardar menos do que 10% do que você ganha tem algo muito errado.
Por outro lado, ainda sou totalmente apegado à minha coleção de mais de 60 camisas de futebol.
E fiquei pensando durante o filme, pra que servem todas estas se tenho minhas 4 ou 5 preferidas?
Numa rápida olhada aqui no quarto do qual chamo de escritório, conseguiria listar pelo menos 50 itens inúteis de bate pronto.
Por exemplo, uma maravilhosa impressora à laser de 30 páginas por minuto (que uso pra imprimir menos de 5 páginas por mês… kkkk)
Anos atrás vi que ao longo da vida, vim enchendo meus 49 metros quadrados do apartamento de coisas inúteis.
E sempre gostei de organização e espaços vazios pra me sentir bem, então praticava o desapego e me livrava de algumas coisas que pudessem ser mais úteis pra outras pessoas.
Hoje em dia não compro mais, não sou consumista ou materialista.
Não agrego nada de eletrônico na minha vida que não seja funcional e realmente útil.
O que é remédio para um, pode ser veneno para outro
Tento me manter com o suficiente e mesmo assim, ainda carrego muita bagagem das coisas que adquiri ao longo dos anos.
Quando viajo, evito trazer lembranças ou enfeites (além de fotografias).
Dos 2 meses no Japão voltei com 2 enfeites (um pequeno Buda em metal e uma garrafa no formato do monte Fuji pra meu barzinho).
Pra mim isto já é uma mudança bem substancial, mas sei que posso melhorar.
Você não precisa ser radical.
Não vá mudar do sedentarismo pro crossfit 7 vezes por semana.
Na minha cabeça o importante é acumular experiências, conhecer lugares ao invés de acumular coisas.
Na sua cabeça você precisa estar com um carro do ano pra se sentir feliz?
Faça!
E isto que o filme tentou passar de informação, na minha opinião.
Inclusive o subtítulo do filme: um documentários sobre as coisas que realmente importam (citam: a família, a felicidades nas pequenas coisas, o não ao consumismo e materialismo).
Mas tem gente que conseguiu enxergar ode à pobreza, machismo e até racismo…
Que dureza nosso mundo atual!
Onde está nosso valor?
No que temos/possuímos ou no que somos? Nossa essência e história.
Eu moro no Estados Unidos, cheguei ao mesmo conceito dos autores do documentário e gostaria muito de traduzir os livros e o documentário para português e divulgar no Brasil, estava à beira de uma depressão, no meu conceito de felicidade eu tenha que ser bem sucedido possuir o melhor carro, melhor casa entre outras coisas que o dinheiro pode proporcionar, mais quando alcancei percebi que felicidade não estava nos bens e sim nas pessoas que amo e que estavam distantes de me. Nas noites fazias em busca da verdadeira felicidade me deparei com o documentário que me libertou, quero transmitir e compartilhar da mesma experiência de vida que hoje me encontro.
Grande Dayvson, um ato muito nobre de sua parte, ajudar ao próximo nesta procura!
Porque realmente, eu vejo nosso país aqui tão consumista e nós sabemos que esta cultura do prazer em busca do consumo, só traz prazer de verdade para as empresas que lucram com isso.
Quantas vezes a gente não fica planejando em como trocar de carro, todos os dias fazendo contas e contas, até que quando chega a hora, trocamos de carro… Saímos da concessionária com aquele bem “precioso” novinho em folha e a sensação de prazer acaba em praticamente uma semana.
Logo percebemos que aquele carro nos leva aos mesmos lugares de sempre.
E o novo carro propriamente dito, não leva a nenhum lugar novo.
É como um ciclo que não tem fim. Sempre vamos querer um novo bem. E a TV, as propagandas e as revistas, tentam nos convencer disso, que sem determinado item, nunca seremos felizes.
Que sempre precisamos do último modelo.
E na verdade, a gente não precisa de nada disso.
É tão prazeroso viver com o pouco, e quando mais rápido a sociedade descobrir isso, mais felicidade pode ser distribuída!
Muito obrigado por compartilhar seus pensamentos e um grande abraço pra você!
Olá, eu também gostei muito deste documentário e, como você, após ter assistido me surpreendi com as críticas que li. Concordo plenamente com a sua visão e avaliação sobre o filme e a maneira como o conceito de minimalismo é abordado, ou seja, dentro da ideia de buscarmos um consumo mais consciente e uma vida mais saudável. Obrigada!
Olá Ana Rita,
Desculpe a demora, meu sistema não tinha avisado sobre seu comentário.
Nesta semana fiz minha mudança temporária aqui no Japão e vi a quantidade de coisa que carregamos inutilmente.
Meu sonho ainda é conseguir colocar grande parte da minha vida em 2 mochilas! risos
É bom que toda vez que passo por uma experiência destas, me dá o estalo de voltar rapidamente as origens e uma vida mais saudável sem o apego a estes bens materiais!
Ou pelo menos, fazer as doações disto que foi adquirido, pq pode ser inútil para mim neste momento, mas muito útil a outras pessoas em dificuldade.
Uma ótima semana pra ti!